quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

2 de Fevereiro, Salve Iemanjá e Nossa Senhora dos Navegantes!

(Pintura Naïff de minha autoria, retratando Iemanjá como uma sereia. Dimensão: 1,20m x 30cm)

Hoje, milhares de pessoas vão deixar seus presentes nos balaios feitos artesanalmente. Vestidas de branco e azul, adeptos do candomblé, umbanda, devotos e turistas, saem em procissão para entregar as oferendas com bijuterias, comidas, rosas brancas, pentes, espelhos, sabonetes, perfumes, bonecas, além de dinheiro, bilhetes com pedidos. 

  É lindo acompanhar a saída do saveiro levando o presente principal dos pescadores a Iemanjá, seguido de centenas de embarcações carregadas de presentes até o local onde os balaios foram “arriados”. Tambores tocam em homenagem a Rainha do mar, pais e mães-de-santo dançam e entram numa espécie de transe, recebendo suas entidades espirituais. Os grupos de afoxés e rodas-de-samba colorem mais a festa.

Fotos de Débora 70, da Festa de Iemanjá:
 
 

A tradicional Festa de Iemanjá na cidade de Salvador, capital da Bahia, tem lugar na praia do Rio Vermelho. Iemanjá também é cultuada em diversas outras praias brasileiras, atraindo uma multidão imensa de fiéis e admiradores.
Iemanjá é frequentemente representada pela figura de uma sereia, com longos cabelos soltos ao vento. É chamada de várias formas, dependendo da região, entre elas Janaína, Mãe D'água ou Rainha do Mar.

Música "Rainha do Mar / Caminho do Mar" de Dorival Caymmi, na interepretação de Rafael Lima e Raul Menezes:
 

Além da grande diversidade de nomes africanos pelos quais Iemanjá é conhecida, a forma portuguesa Janaína também é utilizada. O nome, criado durante a escravidão, foi a maneira encontrada pelos negros para manter de seus cultos tradicionais sem a intervenção de seus senhores, que consideravam um sacrilégio as "manifestações pagãs" em suas propriedades. Embora o nome "Janaína" seja menos usual,  há várias composições de autoria popular para saudar a "Janaína do Mar", assim como canções litúrgicas.

"Quem Vem pra Beira do Mar", composição de Dorival Caymmi interpretada pelo grupo "Seresteiros de Araraquara":

Dizem que no ano de 1923, exatamente no dia 02 de fevereiro, na praia do Rio Vermelho (Salvador-BA), houve uma diminuição no pescado da vila de pescadores. Então eles pediram ajuda da Mãe D'Água, Iemanjá, e saíram para ofertar presentes à Rainha do Mar. Ano após ano os pescadores repetem essa cerimônia. No início foi realizada juntamente com a Paróquia do Rio Vermelho, pelo sincretismo existente entre a rainha do mar e Nossa Senhora da Conceição. Porém, nos anos 60, houve uma reação da Igreja Católica contra o culto pagão, fazendo com que a festa perdesse, oficialmente, a devoção à santa católica. 

Imagens da Festa no Rio Vermelho, com música de Avelino Bezerra:


A festa católica acontece na Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia, na Cidade Baixa, enquanto os terreiros de Candomblé e Umbanda fazem divisões cercadas com cordas, fitas e flores nas praias, delimitando espaço para as casas de santo que realizarão seus trabalhos na areia

As homenagens a Iemanjá começam de madrugada, com devotos colocando as ofertas e bilhetes com pedidos em balaios que são atirados ao mar. Esse balaios são levados por cerca de 300 embarcações, com o saveiro levando a oferenda dos pescadores sempre a frente do cortejo. É uma verdadeira procissão nas águas.

Existe um sincretismo entre a santa católica Nossa Senhora dos Navegantes  (de origem portuguesa) e a orixá da Mitologia Africana Iemanjá. Em alguns momentos, inclusive festas em homenagem as duas se fundem. No Brasil, tanto Nossa Senhora dos Navegantes como Iemanjá tem sua data festiva no dia 2 de fevereiro.

Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes em Cananéia (trabalho de conclusão de curso de rádio e TV - Metodista 2005):
 

Na capital da Paraíba, a cidade de João Pessoa, o feriado municipal consagrado a Nossa Senhora da Conceição, 8 de dezembro, é o dia de tradicional festa em homenagem a Iemanjá. Todos os anos, na Praia de Tambaú, instala-se um palco circular cercado de bandeiras e fitas azuis e brancas ao redor do qual se aglomeram fiéis vindos de várias partes do Estado e curiosos para assistir ao desfile dos orixás e, principalmente, da homenageada. Pela praia, encontram-se buracos com velas acesas, flores e presentes.

Na Umbanda, é considerada a divindade do mar, além de ser a deusa padroeira dos náufragos, mãe de todas as cabeças humanas. 

No Brasil, Iemanjá na versão de Pierre Verger, representa a mãe que protege os filhos a qualquer custo, a mãe de vários filhos, ou vários peixes, que adora cuidar de crianças e animais domésticos.

Vídeo de produção italiana sobre a lenda de Iemanjá:

A História e devoção a Nossa Senhora dos Navegantes:

Seguem links com mais informações:



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